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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Deixem-me pelo menos ter sono; quem sabe que mais terei?"


Quando explodir pra dentro não faz mais efeito.
Quando só o que sobra é um grande cansaço físico.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um livro pode ser tanto objeto de prazer quanto de tortura.


Encontro-me provando o gosto azedo da segunda opção.

Priscila Bonatto


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pois é.

Sabe? Eu sinto muito, sinto muito mesmo, mas hoje percebi que as coisas estão erradas, foram erradas e continuarão assim. 
Quando algo começa errado provavelmente não terá um caminho certo. 
O que aconteceu? Água e vinho, como? Sinto pena de mim, mas sinto mais pena de você, acredite.
Percebi que não há motivos pra receber o que me dá, de onde vieram esses presentes moribundos que você esta me oferecendo ultimamente? 
Sempre disse que seria um bom ator, lembra? Mas eu não sabia que você já tinha consciência disso e vinha colocando em prática comigo longas e desajeitadas peças teatrais regadas pela tragédia e pelo extremismo.
Eu achei que estivesse tudo bem e que o fim seria suportável, ele é, mas adivinhe, pesquei tudo outra vez e as coisas se tornaram tristes novamente.
Não, eu não mereço, não vejo necessidade em permanecer aí segurando algumas fundações de uma casa destruída. 
Deixa cair, deixa que tudo venha à baixo.
Que o vento leve o que apodrece aqui e que pelo menos na segunda vez o fim seja definitivo e exerça seu papel. Que eu esqueça o seu mais precioso personagem e deixe tudo isso para trás, águas passadas não movem moinhos, não concorda?



Priscila T. Ramos

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Happiness

É engraçado, não é? Você passa uma vida toda presa por amarras inexistentes, diz que gostaria de se libertar, gostaria de sair, gostaria de beijar várias bocas, gostaria de sair sem rumo, gostaria não significa querer. A passagem da infância para a adolescência é um momento repleto de descobertas para o indivíduo e por conseqüência a fase em que os pais apertam as rédeas e impõe aqueles velhos limites (pelo menos na minha época tinha disso) como: não pode dormir na casa de fulana, não pode ir nesse festa, você é muito nova para isso. Em algumas pessoas isso causa uma certa dificuldade no uso da liberdade, como acontece comigo. É entranho e triste ao mesmo tempo. Você deixa de fazer milhares de coisas divertidas por culpa de um medo besta ou imposições que apareceram na sua vida lá no tempo do Êpa. É estranho pensar que sair e se divertir é algo errado, ainda mais quando já passou da idade de pedir permissão pra isso, mas essas amarras mesmo que inexistentes atrapalham a vida de muita gente não só a minha, espero. É uma sensação tão ruim você sair e achar que está fazendo a pior coisa do mundo, enquanto aqueles que te deram a vida estão em casa preocupados com você, analisem essa frase, terrível, não é? Mas tem sempre o outro lado da moeda e quando você sai, dá risada, bebe e se diverte, todas essas neuras com relação às amarras desaparecem e aí sim você pode se permitir dar boas e verdadeiras risadas, tímidas de início (como se a muito tempo estivessem guardadas e pra sair olham com medo para fora da caverna) mas verdadeiras e empolgantes. Por fim indico que tenham bons amigos, que eles sejam chatos e insistentes e que não desistam de você. Esses amigos mesmo sem saber vão te puxando passo a passo e te transformam em águias desteminadas que adoram uma balada. Prendam-se naquilo que realmente vale a pena.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

14/09/2010


Acabo de chegar em casa e degusto um chá quentinho naquela xícara branca charmosa que você me deu. Não é uma atitude masoquista, como talvez possa parecer, mas de lembrança. Ela faz às vezes de namorado, já que neste exato momento começo a sentir mais intensamente a sua falta. Eu já esperava. Sabia que a noite seria o mais difícil. Infelizmente, a xícara não me arranca sorrisos, não gruda nas minhas boxexas e nem me pega pela cintura, mas, no momento, ainda assim, está sendo boa companhia. Calada, não me influencia, não me incomoda, apenas me lembra que você existe e que te amo, mesmo com os problemas que têm surgido e com a solução um pouco radical que decidimos adotar. Ah, e além de tudo, ela não reclama da minha blusa de lã velha azul periquito, com a qual estou felizmente vestida e de quem já havia inclusive esquecido o paradeiro, tanto tempo fazia que não a usava! 
Há muito tempo também que estou acostumada com sua presença diária, com seu calor nas noites frias, com seus conselhos diante dos problemas mais tolos do dia. Sei que nem uma xícara e nem uma blusa de lã azul periquito superam isso, mas eu posso superar, né? E um dia desses, eu espero, estaremos nessa mesma cama, com a velha blusa jogada no guarda-roupas e tomando um vinho em uma taça qualquer em comemoração ao nosso bom e velho amor. (final piegas, mas tudo bem). Boa noite.


Priscila Bonatto

sábado, 11 de setembro de 2010

Hoje sinto-me culpada.

Hoje eu não quero mandar nada nem ninguém se foder.
Desejo é pedir desculpas.
A vocês dois, meus avós, que eu sei que me amam demais e têm sempre boas intenções, mas cuja convivência amargurou a relação, tornando-me fria, ríspida e ingrata. Eu lhes devo muitas desculpas, eu sei, mas é que não consigo agir de outra forma. As idades são muito distantes, às vezes eu não os entendo e nem vocês a mim. Mesmo assim, continuam fazendo o que podem, continuam zelando pela neta por vezes "desnaturada". Sinto muito se não sei retribuir, sinto muito se não sei me expressar, se deixei as coisas chegarem num ponto em que não sou capaz de reverter.
Quero me desculpar contigo, pai, pelas palavras ditas no impulso, pelo que você não deveria ter ouvido - embora não fosse mentira -, pelo que não é, mas talvez tenha soado como culpa sua. 
Peço desculpas a você também, que já faz parte da minha vida  ha cinco anos, que me atura diariamente e que têm sido paciente nessas últimas semanas. Sei que não sou a única errada, mas reconheço minha parcela e desculpo-me pelos momentos estragados, pelas insistências e pela falta de humor que tem me acompanhado.
Acho que por hoje, é só. Nenhum texto extraordinário nem algo que vá mudar muita coisa, mas dizem que é bom desabafar, escrever, né? Então tá aí.

Priscila Bonatto

sábado, 4 de setembro de 2010

Foda-se o título

Sabe aquele negócio de "ligue o foda-se e seja feliz"?
Eu queria conseguir.

Foda-se você que sabe exigir quando é coisa sua, mas me deixa na mão quando é conveniente.
Foda-se você, cobra infiltrada na minha casa, envenenando a família e tentando manipular o que não é seu.
Foda-se se sua família é mais bonita, mais unida e mais interessante do que a minha.
Foda-se o fato de eu não ter carro, de ter vinte e um anos e preferir all star a um salto alto.
Foda-se se você não acredita nos meus planos futuros, se você acha que vou depender eternamente do seu dinheiro, se você nem conhece os meus talentos e já os diminui, ou pensa que minha capacidade é pouca.
Foda-se se você não gostou do que eu disse, se você não vai ter um lindo casamento, se você não tem uma filha, se você era uma pobre que deixou o poder do outro lhe subir à cabeça.
Que se dane se na minha janta de formatura e em outros momentos meus pais não estiverem presentes ao mesmo tempo. Dane-se se ninguém fizer um vídeo lindo pra mim, se ninguém fizer texto ou discurso algum, se sequer souberem em que diabos estou me formando.
Fodam-se se não acreditam no meu futuro, se me acham sonhadora ou vadia demais.
Foda-se se você não quer ir comigo, se quer comer churrasco com os amigos, se não quer mais aturar meus momentos de deprê.

E foda-se se eu não consigo fazer nada disso, deixando que as situações me abalem mais do que eu gostaria.




Priscila Bonatto

Ps.: eu acho a expressão "foda-se" agressiva e não é algo que utilize no meu dia a dia, mas aqui está exposta de maneira simbólica. E foda-se se você achar feio.